domingo, 29 de janeiro de 2012

Samba no pé, Carnaval em nossas mãos

Comentários sobre os Sambas de Enredos das Escolas de Samba de Juiz de Fora


Gleyson Custódio

Grupo B
UNIDOS DAS VILAS DO RETIRO
Enredo: "Juiz de Fora - A pioneira Manchester de Minas Gerais"
Um samba para falar de Juiz de Fora, um tanto nostálgico, pois retrata a cidade de uma forma que ela não será. Pelo visto o enredo irá contar apenas o passado da cidade e não irá dizer sobre como está a cidade hoje (não entrarei em detalhes). Bom, analisando o samba pode-se ver que resume bem o que foi Juiz de Fora, mas vale ressaltar um pouco de incoerência na melodia. Praticamente todos os versos do samba é cantado de forma pausada (Canta um verso, espera um tempo, e canta outro verso), isso é correto, entretanto a pausa desses versos é muito grande, talvez esse pequeno detalhe não aconteça na avenida porque estamos avaliando uma gravação de CD que precisa de um andamento pouco mais lento.
Em relação a letra em acordo com o enredo pode passar despercebidos pelos jurados (são do RJ) por não conhecerem nossa cidade. Primeiro um verso que serve para emendar a melodia do samba como: “sua culinária de sabores sem iguais”, claro que para rimar com “Cafezais”, levando em consideração que Juiz de Fora não tem uma culinária própria que possa trazer turismo. Outro ponto interessante a analisar é no verso “Domésticas, Turunas, tradições do carnaval”, ora e a Feliz Lembrança a segunda escola de samba de JF? Dou como certo que na avenida o samba vai entrar diferente em relação a melodia do que no CD.

UNIÃO DAS CORES
Enredo: "Sou Feliz, ninguém mais feliz que eu , Bahia, o Senhor do Bonfim me atendeu"
Quando alguma escola de samba escolhe um enredo sobre a Bahia, tem que principalmente ver qual será a linha de desenvolvimento do enredo. No caso da União das Cores vários temas foram mesclados no enredo, porém no samba de enredo da escola a maioria de seus versos falam de candomblé ou algo parecido. 3 versos falam o restante do enredo são: “Da culinária eu também quero provar/ Atrás do trio elétrico / Eu vou me acabar”. Este samba não cairá bem se os jurados forem muito rígidos (Algo que não vou acreditar no carnaval de JF). A melodia é muito boa, mas é quebrada para emendar estes tais 3 versos do restante do enredo. 
Ouvi dizer que este samba é modificado, pois quando houve o concurso para escolha ele venceu com versos apenas de candomblé, dentre outras polêmicas que envolvem outro concorrente da disputa.
                                                                                                           
ACADÊMICOS DO MANOEL HONÓRIO
Enredo: "Do luar que clareia a academia, histórias, magias, mistérios e lendas fascinantes".
O samba do Acadêmicos tem uma letra muito bem elaborada, um samba interpretativo contando todas as crenças e verdades sobre a lua, mas não posso dizer o mesmo da melodia. O primeiro refrão começa arrastado, como nos versos “Feminiiiina” “Maaaaajessstoossaa!!!!”. Este refrão começa em um tom médio, o samba recomeça em um tom baixo e arrastado os dois primeiros versos “Lua esplendor do firmamento/ Mexe com meu sentimento” e quebrando a variação melódica. Um verso muito rápido em relação aos anteriores “Do jeito que move as Ondas do Mar”, na avenida será um samba que sofrerá alterações em sua melodia justamente para não ter esse “arrastamento” do samba, o que não estraga toda a beleza poética.

RIVAIS DA PRIMAVERA
Enredo: "A saga do café em terras brasileiras"
Venho confessar que nos últimos dois anos a Rivais vem trazendo sambas muito bons. O deste ano é um dos melhores sem dúvida. Conta a história do café em uma melodia e letra fácil de guardar e cantar, um samba em tom alto e na voz do Gê de Ogum que tem uma voz típica de um “puxador de samba”, (Me perdoe mestre Jamelão) a voz rouca é que dita o ritmo do samba. Enfim, este samba pode levantar a avenida pelo seu tom alto, vamos ver como sairá no desfile.

TURUNAS DO RIACHUELO
Enredo: "A,E,I,O Urca"
Este sem dúvida é o melhor samba do ano de 2012. Um samba que brinca com seu enredo em suas variações melódicas perfeitas, refrões com versos curtos e fáceis de guardar. Um samba em tom alto e que também levantará a avenida. É tão bom que não tenho palavras para definir. Tenho duas curiosidades neste samba, nos primeiros anos de competitividade do carnaval em JF, era apenas Turunas e Feliz lembrança, tenho absoluta certeza que se este samba tivesse sido feito nessa época da disputa entre duas escolas, não teria o verso “Por ser Turunas eu sou mais Feliz”,  talvez o autor não pensou nisso, mas é muito interessante. 
Outro ponto em relação a faixa do CD que eu achei até um pouco engraçado é o interprete Ary Arantes imitando o grito de guerra do intérprete Carlos Júnior de SP da Império da Casa Verde “Meu povo, minha gente, minha raça minha Escola (Ary fala Comunidade), Alô povão da Azul e Branco... Pra Alegria do meu povo vai começar Tudo de novo” até que o grito de guerra é legal, mas gravar isso em um CD de JF não ficou interessante Contudo, isso não estraga o melhor samba de 2012 na minha opinião, Parabéns Juliano, Lelo, Ronaldo e Aice NP.

JUVENTUDE IMPERIAL
ENREDO: "Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima".
Desde o último titulo da Juventude Imperial (que no caso dividiu com outras 2 agremiações em 2006) não se fez um samba de enredo digno da escola. O samba de 2012 mais  um exemplo. No primeiro refrão começa em: “Juventude é raça, é paixão” até aí tudo bem, mostra que o restante do refrão continuará do mesmo nível, mas a expressão “Sacudo a poeira”, apesar de estar nas normas de nossa Língua Portuguesa, ficou feia no samba. Pelo visto a escola está contando a própria história para voltar de onde não deveria ter saído. 
O samba começa com um verso muito legal: “Lá do alto, bem pertinho das estrelas” se referindo aos bairros do reduto da escola, que na maioria são em morros.
Este samba retrata alguns enredos históricos da Juventude, o que me deu a impressão de um samba remendado e quebrando a melodia no verso “E a Juventude Com seu Tarol” lembrando a melodia desse samba épico.                                                           

GRUPO C
VALE DO PARAIBUNA
Enredo: "O negro é Arte na Bahia"
Mais um enredo falando da Bahia. Em relação ao samba da União das Cores, está mais completo, e como disse no comentário do samba da União: Se vai falar da Bahia, tem que ser específico. Neste caso, a Vale do Paraibuna vai falar do negro na Bahia, e sua letra ficou totalmente coerente com o enredo.
Um samba curto e de fácil entendimento. Entretanto, há incoerências nos versos “O negro é arte na Bahia / É cultura Milenar”, em um país de 510 anos não temos uma cultura milenar, posso interpretar que essa cultura é da África, o que pode fugir do enredo.

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